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Um espaço para os basqueteiros saudosistas que insistem em revirar os arquivos da memória

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Mágico de Oz


Para ganhar as páginas deste blog, a memória nem precisa estar tão amarelada. Sendo assim, passo a palavra a Fábio Balassiano, que volta quase três anos no tempo para recordar o dia em que acordou o prédio inteiro.

Conta, Bala:

= = =

O dia era 13 de maio de 2004, uma quinta-feira. Lakers e Spurs se engalfinhavam em uma partida memorável. Se não estavam no esplendor da técnica, emoção e disposição não faltavam. Duncan e Manu se refestelavam entre um pick e outro em cima de Shaq. Entre um erro e outro, Kobe recolocava o time californiano no jogo. Era a quinta partida de uma série empatada que caminhava para o desfecho no agonizante sétimo encontro. Faltando menos de dois minutos, tudo empatado.

Na cabeça de um torcedor dos Lakers, como eu, vários filmes passavam. Fora este mesmo Spurs que um ano antes terminou com a hegemonia de três títulos. E, na minha cabeça, o ano em que Karl Malone, então vestindo o "nosso" uniforme, se aposentaria com um título. Com menos de 120 segundos por jogar, só me lembrava da primeira parte do roteiro.

Após um pedido de tempo em que Gregg Popovich gritou apenas um "façam bloqueios e dêem a bola na mão de Duncan", o "escolhido" recebeu, gingou na frente do Shaq e, caindo, arremessou. A bola entrou. Um chute de sorte que despertou um palavrão meu. Meu irmão, no oitavo sono, acordou assustado. Restavam míseros 0.4. Segundo ele, "nem o Michael Jordan reverteria a situação". E ele estava certo.

Quem subverteu tudo foi Derek Fisher, errante armador dos três anéis anteriores. A bola caiu, os Lakers venceriam aquele jogo e a série no sábado seguinte. O placar, 74 a 73, não dizia tudo. O basquete, o meu basquete, tinha um novo herói. Um herói de mentira.

Uma bola como aquela vindo de Jordan, Kobe, Jerry West, Isiah, seria normal, aceitável. São gênios. Diferentes de Fisher, que é de carne e osso, o que torna o lance ainda mais real, palpável. Por isso a bola foi ainda mais significativa. Acordei o meu prédio. Zombei do meu irmão. Não dormi a noite toda. Clicava de site em site procurando notícias do arremesso mais improvável de todos os meus tempos de basquete.

Derek Fisher nunca foi, nem será, um grande jogador. E é por isso que é o meu herói. De carne e osso. Como eu.

= = =

Agora que você já leu o relato do Fábio, se quiser ver ou rever as imagens do milagre de Fisher, basta dar um pulo aqui.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

eu tenho o ultimo quarto desse jogo gravado numa fitinha k7, o que ele esqueceu de dizer é que com 0.4 segundos foram pedidos 3 ou 4 tempos, o que teve de gente que nao foi dormir essa hora da madrugada ,nem imaginavam o que iam perder.

7:23 AM  
Anonymous Anônimo said...

Simplismente: FANTÁSTICO!

8:39 AM  
Anonymous Anônimo said...

Porra, fechou bonito o texto,hein!
Me deu uma vontade de assistir esse jooogo!

10:18 AM  
Anonymous Anônimo said...

Fábio,

Mesmo para quem não aprecia basquete, sua coluna é um exemplo da boa escrita criativa e inteligente, predicados em falta no jornalismo esportivo atual.

Parabéns, beijos

Bruna Tiziano

10:15 AM  

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