
Quando o Portland Trail Blazers surgiu, em 1970, Stu Inman estava lá. Nos primeiros anos da franquia, trabalhou como olheiro. Depois chegou
a atuar como técnico interino. Como dirigente, ajudou a montar o time campeão de 1977. Mas só ganhou notoriedade pela lambança que fez
no Draft de 1984, escolhendo o pivô Sam Bowie na segunda posição e deixando Michael Jordan para o Chicago Bulls, que vinha em terceiro.
Jordan, que hoje completa 46 anos, virou um mito. Bowie virou um Zé Ninguém. E Inman, coitado, foi perseguido por aquela escolha até sofrer um ataque cardíaco e morrer, em 2007, aos 80 anos. Em respeito à memória deste homem, eu arrisco dizer que teria tomado a mesma decisão em 1984. Aliás, não só eu, como talvez você também. Pense.
Em 1983, o Portland tinha draftado Clyde Drexler, que se tornaria um dos melhores jogadores da posição 2 na história do basquete. Além dele, outro ala-armador, Jim Paxson, vinha de uma excelente temporada. A equipe procurava desesperadamente um pivô para repetir a fórmula de 1977, quando foi campeã sob o comando do gigante Bill Walton.

Jordan já era considerado uma grande promessa, mas ninguém podia prever o que ele se tornaria no futuro - suas médias na UNC eram de 17.7 pontos, 5.0 rebotes e 1.8 assistência. Bowie, por sua vez, poderia não ser brilhante, mas se encaixava melhor nas pretensões do time. Além disso, os médicos dos Blazers fizeram vários exames e concluíram que sua grave contusão na canela era coisa do passado.
Stu Inman (na foto acima) não podia imaginar, naquela época, que Bowie logo se transformaria num jogador de vidro, massacrado por lesões, enquanto Jordan caminhava para se tornar o melhor da história.
No lugar do cartola, eu talvez tivesse tomado a mesma decisão.
E, claro, me arrependeria amargamente pelo resto da vida.