||||||||||||||||||||||||||||||||| Cestas de Ontem

Um espaço para os basqueteiros saudosistas que insistem em revirar os arquivos da memória

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Nos anos 70, os grandes feitos de Pistol Pete


Neste fim de semana, uma façanha de Pete Maravich completou três décadas de existência. No dia 25 de fevereiro de 1977 - faltava pouco para eu nascer -, o showman do Jazz meteu 68 pontos contra o New York Knicks. Além dele, apenas seis jogadores conseguiram chegar tão alto numa partida. Para quem não sabe, Maravich foi mestre em aliar eficiência e espetáculo, com passes mirabolantes e uma velocidade incomum para aquela época.

O mais legal, claro, não é contar o fato, e sim ver com os próprios olhos. Dito isso, cá está uma jóia rara do YouTube, com belas imagens em preto-e-branco da noite histórica e narração original. Divirtam-se.



Gostou? Então leve, de brinde, imagens mais antigas ainda, porém igualmente fantásticas, de Pistol Pete jogando pela Universidade de LSU. Como universitário, ele teve a incrível média de 44.2 pontos. Aí vai:



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NESTE DIA, HÁ 48 ANOS - Em 27 de fevereiro de 1959, Bob Cousy deu 28 assistências na vitória do Boston Celtics sobre o Minneapolis Lakers, por 173-139. O recorde de Cousy foi superado por Scott Skiles, com 30 passes em 1990, mas os 173 pontos do Boston ainda configuram a marca mais alta de um time numa partida sem prorrogação.


(Foto: Nancy Hogue - NBA)

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

No aniversário de Dr. J, um retorno ao passado


Após uma semana de folia dupla, com o Carnaval e o All-Star Weekend, o Cestas de Ontem está de volta, bem a tempo de desejar feliz aniversário a Julius Winfield Erving II. Para os mais íntimos, apenas Dr. J, que comemora seus 57 anos nesta quinta-feira.

O homem que ficou conhecido como a alma da extinta American Basketball Association também brilhou na NBA. No total, papou três títulos e quatro troféus de MVP, além de influenciar gente do calibre de Michael Jordan e Dominique Wilkins. Mas isso todo mundo já sabe. Então vamos viajar mais, até meados dos anos 60, quando Erving ainda estava na escola.

Quem nos leva até lá é Roby Porto, que esteve pessoalmente com a fera em fevereiro do ano passado, em São Paulo, no lançamento oficial das transmissões da NBA na Globo.com. Durante o papo, o craque ficou surpreso quando vieram à tona algumas histórias sobre os tempos de colegial.

Explica-se: Richard, o sogro do Roby, era professor de matemática em Malverne, escola que mantinha forte rivalidade nas quadras de basquete com Roosevelt, onde Erving jogou de 1964 a 1968.

Conhecida por abrigar muitos alunos negros e hispânicos, Roosevelt serviu de plataforma para a carreira de Dr. J. Foi lá que ele ganhou o apelido de Doctor e, graças ao técnico Roy Wilson, garantiu a transferência para a Universidade de Massachusetts.

O mais impressionante, segundo Richard, era a quantidade de torcedores que o então adolescente atraía. Não era fácil arrumar vaga no ginásio para assistir aos confrontos entre Roosevelt e Malverne.

Quando Roby tirou essas histórias do baú em São Paulo, Erving se surpreendeu e, claro, foi extremamente simpático. Por essas e outras, ele é hoje um embaixador da NBA e roda o planeta representando a liga.

Sempre com o sorriso aberto.

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NESTE DIA, HÁ 11 ANOS - Em 22 de fevereiro de 1996, o Miami Heat contratou Tim Hardaway. Naquela época, os instintos fascistas do armador ainda não tinham aflorado.

(Foto: Walter Iooss - NBA)

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Ontem e hoje, um exemplo de obstinação




Corria o início dos anos 40 na cidade de Monroe, em Louisiana. Charles Russell embicou o carro num posto de gasolina e foi barrado. O frentista informou que um negro só poderia ser atendido depois de todos os clientes brancos. Charles decidiu ir embora, mas o funcionário, furioso, apontou uma arma para sua cabeça e o obrigou a esperar a vez.

Pouco tempo depois, Katie Russell foi abordada na rua por um delegado local. A autoridade mandou que ela fosse para casa e trocasse de roupa: "Um vestido como esse só deve ser usado por mulheres brancas", disse.

Revoltados com tanto racismo, Charles e Katie abandonaram Louisiana e se mudaram para a Califórnia, cientes do risco de viver na pobreza. Levaram com eles o filho de oito anos, William Felton. Tempos mais tarde, o pequeno William ficaria conhecido apenas como Bill.

Bill Russell, um ícone do basquete mundial.

Ao longo da carreira, o pivô do Boston Celtics sentiu o preconceito na pele inúmeras vezes. E jamais aceitou o papel de vítima.

Na Universidade de São Francisco, a única que o aceitou, foi hostilizado por colegas de classe. Provou seu valor levando o time ao bicampeonato da NCAA em 1955-56, incluindo uma incrível seqüência de 55 vitórias.

Na NBA, a intolerância continuou dando as caras. Quando se mudou do subúrbio de Reading para uma área mais nobre de Boston, o jogador foi ameaçado por vizinhos. Vândalos chegaram a invadir a nova casa e defecaram em sua cama. Jornalistas locais declararam abertamente que não votariam nele para MVP pelo fato de ser negro. Durante a carreira vitoriosa, a média de público no Boston Garden era de 8 mil torcedores, número ridículo se comparado aos 15 mil da época de Larry Bird.

Em Marion, Indiana, Russell ganhou do prefeito a chave simbólica da cidade. Após a cerimônia, chegou ao hotel e o restaurante se recusou a servi-lo. O craque foi até a casa do prefeito, o acordou e devolveu a chave.

"Eu sempre fui primeiro um homem, e depois um jogador de basquete".

Pois hoje, dia 12 de fevereiro, o homem completa 73 anos.

De longe, sem pretensão de ser ouvido, o Cestas de Ontem dá os sinceros parabéns. E agradece a Russell pela inesgotável capacidade de anular quem o atacava - dentro e fora das quadras.


(Foto: Montagem de Rodrigo Alves sobre imagens - NBA)

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

As lições de Rick Barry, o rei da lavadeira


Foi justamente num dia 7 de fevereiro, no longínquo 1969, que Rick Barry acertou todos os 23 lances livres cobrados na vitória do Oakland Oaks sobre o Kentucky Colonels. Duas décadas depois, a marca seria igualada por Dominique Wilkins, do Atlanta Hawks, mas Barry já tinha seu nome garantido na história.

Além de ter sido o único jogador que conseguiu liderar em pontos a NCAA, a ABA e a NBA, o ala encerrou a carreira com o incrível aproveitamento de 90% na linha de lances livres. Detalhe: ele arremessava no estilo "lavadeira", lançando a bola do meio das pernas, de baixo para cima. No vídeo a seguir, Barry explica a mecânica do curioso movimento que o deixou famoso. Questionado sobre o porquê de a lavadeira ter desaparecido das quadras, o craque afirma que tudo é uma questão de ego e vaidade.


(Foto: Walter Iooss Jr - NBA)

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

O nascimento do "shootaround"


Sabe aquele bate-bola que os times da NBA fazem nas manhãs dos dias de jogo? Para nos contar como ele surgiu, Fábio Balassiano pinta de novo por estas bandas. Conta aí, Bala:

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Notívago, boêmio, qualquer adjetivo que fale do apreço de Wilt Chamberlain pela vida noturna será pouco para descrever todas as peripécias do pivô na década de 60. Foi por isso que, em 1971, quando assumiu os Lakers, Bill Sharman pensou em como acabar com o desgaste (para ele) desnecessário da fera.

Coibir a farra noturna em Los Angeles? Hum... Não seria das idéias mais inteligentes, comentou com seus assistentes. Foi assim que Sharman criou o que hoje é conhecido como shootaround: o treino de arremessos nas manhãs dos jogos. Disse aos atletas que seria uma maneira de relaxar os músculos, mentalizar a partida, essas coisas. Balela. Ele queria, de fato, que Wilt trocasse uma noite por um treino.

Entre as outras feras, Jerry West, Gail Goodrich, até Elgin Baylor, ninguém reclamou. Wilt chamou o técnico num canto e disse:

"Coach, você sabe que não concordo com isso, mas tudo bem. Se o time vencer, eu aceito as suas condições".

Chamberlain ainda fez pirraça no quinto jogo do ano, ao dizer, depois da primeira derrota, que sentia seu corpo cansado devido aos treinamentos.

Mas o pivô deu azar. Também afirmou que seguiria os métodos pouco convencionais do treinador uma vez mais. Os Lakers foram vencendo, vencendo, vencendo... e bateram o recorde de vitórias consecutivas da NBA. Foram 33, entre 24 de outubro de 1971 e 9 de janeiro de 1972.

Com seu sarcasmo habitual, Wilt fez uma homenagem a Sharman no discurso após a conquista do título: "Queria agradecer ao shootaround por me conceder meu segundo anel de campeão”.

(Foto: Walter Iooss Jr - NBA)

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Aos 20 anos, Oscar chega ao topo do mundo


O Cestas de Ontem continua cumprindo uma espécie de circuito básico para quem se atreve a revirar os baús do basquete. Já falamos aqui de Wilt Chamberlain, Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird, Wlamir Marques, Hortência. Demorou, mas enfim chegou a vez do nosso Mão Santa.

Diante disso, voltamos ao YouTube. O vídeo abaixo mostra imagens de Oscar Schmidt vestindo a camisa do Sírio na histórica final da Copa William Jones de 1979, com o Ibirapuera lotado. O campeonato era o equivalente ao Mundial Interclubes, e o rival na decisão foi o Bósnia Sarajevo. Após um empate eletrizante (88-88) no tempo normal, a equipe brasileira venceu na prorrogação por 100-98.

Depois de faturar o Paulista, o Brasileiro e o Sul-Americano, o Sírio finalmente garantiu seu lugar no topo do planeta. Era a consagração do grupo comandado pelo técnico Cláudio Mortari, que ainda tinha o privilégio de escalar Marcel, Marquinhos, Dodi, Larry Williams etc.

Com apenas 20 anos, Oscar repete o roteiro de sempre: faz cestas de tudo que é jeito, vibra, chora, comemora. Pela incrível invasão de quadra ao fim do jogo, dá para ver como a festa foi grandiosa.